terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Noite de festa

Foi quando todos dormiram e os motores do galpão ao lado foram desligados... foi quando o cachorro cessou seu latido e as madeiras do chão pararam de estalar... quando a pilha do relógio da parede acabou e quando os carros pararam de passar... Quando só o som da sua própria respiração ecoava na casa e parecia que poderia ser ouvido além do Atlântico.
Mas não era silêncio o que ela tinha ali, eram vozes, muitas vozes, acompanhadas de ruídos escandalosos e risadas altas debochadas e sarcásticas. Com os olhos colados no teto ela tentou definir quem dizia o quê e assim separar os diálogos em arquivos diferentes, talvez alternando para compreender o princípio daquilo... ou até mesmo para descobrir se teria fim.
E assim o sono não se encorajava, passava o tempo e as pupilas, acostumadas à escuridão da noite, brilhavam enormes como olhos de gato. Prendeu um espirro e ouviu um "saúde" de uma voz jovial e dinâmica. Sorriu e agradeceu com a cabeça. Aos poucos foi se enturmando na festa sonora, apurando as conversas e quase ousando se intrometer.

Pontualmente às 6h da manhã, no apartamento empoeirado do 4º andar, a luz atravessa a sala de estar para avisar que a vida recomeça lá fora. As despedidas acontecem todas ao mesmo tempo e, de repente, tudo está vazio mais uma vez. Sozinha na cama estreita com seus velhos lençóis ela fecha os olhos e adormece.
Na sua mente, copos vazios e restos de comida pelo chão aguardam a próxima noite de festa.

2 comentários:

Nanda. disse...

Q milagre né...heheehehe...Passei aqui mocinha...bjs!Ah, gostei do texto!

Nana disse...

Esse texto deu uma vontade de organizar uma festa... preciso dar uma, nem que seja para mim mesma, minhas sete cadeiras e meus livros :)
Bjs